Pablo Viany Prieto; Tainan Messina. 2012. Euterpe edulis (ARECACEAE). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
No Brasil a espécie ocorre em Cerrado e Mata Atlântica, nos Estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Alagoas, Sergipe, Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul (Leitman et al., 2012).
<i>Euterpe edulis</i> é uma palmeira amplamente distribuída, ocorrendo de forma contínua ao longo de toda a Mata Atlântica e também em parte do Cerrado. Em áreas de Florestas Úmidas bem preservadas, <i>E. edulis </i>geralmente<i> </i>apresenta uma elevada abundância, podendo formar grandes subpopulações. Entretanto, diversos fatores indicam que se trata de uma planta ameaçada de extinção. <i>Euterpe edulis</i> é uma espécie não cespitosa, de crescimento lento, sem capacidade de rebrota e dependente de florestas bem preservadas; além disso, vem sendo sistematicamente submetida a uma intensa exploração para a extração do palmito em praticamente toda a sua área de distribuição. A extração ocorre por meio da derrubada dos indivíduos adultos, preferencialmente aqueles de maior porte, e a subsequente retirada do meristema apical, levando à morte das plantas. Em vários remanescentes de Mata Atlântica, é possível encontrar claros vestígios da extração irresponsável da espécie, como um grande número de indivíduos maduros derrubados. Em muitos casos, todos os indivíduos adultos de uma área são explorados, levando à extinção da subpopulação. Além disso, é possível suspeitar que a drástica redução na extensão da Mata Atlântica e o elevado grau de degradação de grande parte dos remanescentes de floresta tenham contribuído para uma redução no tamanho populacional e na AOO da espécie. Vários estudos demográficos apontam para uma baixa taxa de crescimento dos indivíduos, que podem levar vários anos (>10) para atingir a maturidade; assim, a idade média dos indivíduos adultos em uma subpopulação é estimada em 20 anos. Devido a isso, é possível suspeitar que <i>E. edulis</i> tenha sofrido um declínio populacional de pelo menos 30% ao longo de três gerações, que correspondem a um período de tempo de 60 anos.
Espécie descrita na obra Hist. Nat. Palm. 2(2): 33-34, t. 32. 1824. Conhecida popularmente como "içara", "palmito-doce", "palmito-juçara", "juçara", "palmiteiro", "ensarova" e "ripeira" (Lorenzi et al., 2010).
Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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3.1.3 Regional/international trade | |||||
Segundo Reis et al. (2002), a utilização comercial da espécie teve início de forma intensa no século XX. De acordo com Cervi (1996) apud Reis et al. (2002), a pressão industrial de palmito introduziu a extração intensiva e em larga escala já na década de 1930. Ao longo da década de 1970 a exploração tornou-se tão intensa (corte de matrizes e plantas jovens) que a regeneração da espécie não era suficiente para atender a demanda da matéria-prima da empresas. Deste modo, muitas empresas faliram ou se transferiram para o norte afim de explorar Euterpe oleraceae (Reis et al., 2002). |
Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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1.3.3.2 Selective logging | national | ||||
Segundo Andrade et al. (2012), Euterpe edulis é o segundo maior produto não madeirável mais explorado da Mata Atlântica. |
Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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9.3 High juvenile mortality | local | ||||
O estudo de Matos et al. (1999) revelou um padrão de J invertido na dinâmica populacional de Euterpe edulis, indicando alta taxa de mortalidade de plântulas e indivíduos jovens. Muitos outros autores fazem a mesma afirmação em seus trabalhos, indicando que este padrão pode ser considerado para a grande maioria das localidades de ocorrência da população. |
Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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3.1.3 Regional/international trade | national | ||||
De acordo com Mafei (2011), a espécie possui características favoráveis para o manejo florestal. No entanto, devido a exploração, hoje a espécie se encontra localmente extinta ou com as subpopulações perigosamente reduzidas. Ainda de acordo com Mafei (2011), por ser uma palmeira de tronco solitário e que não se regenera ao ser cortado, a retirada do palmito acarreta na morte da planta. |
Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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3.1.2 Sub-national/national trade | local | ||||
Segundo Nogueira (2003) no Parque Estadual "Carlos Botelho", no Vale do Ribeira, a exploração clandestina da espécie era comum em algumas áreas, como Saibadela, Guapiruvu, Grota, Rio Preto, Travessão e Ribeirão Fundo. Segundo a autora, esses locais de pressão são áreas onde a rede organizada de palmiteiros atua de maneira intensa, inclusive amparados com armas de fogo. A autora apresenta dados de apreensão de palmito fornecidos pela Polícia Ambiental de Registro (2003), no período de 2002 e 1º semestre de 2003 para os Parques Estaduais "Carlos Botelho" e Intervales. Foram apreendidos em total de 1509 palmitos in natura e 1227 palmitos industrializados que estavam em vidros. |
Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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1 Habitat Loss/Degradation (human induced) | national | ||||
Os remanescentes de Mata Atlântica, até 2010, dos principais Estados de ocorrência da espécie são: Bahia 8,50%, Espírito Santo 10,36%, Rio de Janeiro 18,38%, São Paulo 14,41%, Minas Gerais 10,04%, Paraná 9,97% e Rio Grande do Sul 7,46% (SOS Mata Atlântica, 2011) |
Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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3.1.2 Sub-national/national trade | national | ||||
Segundo Reis et al. (2002), apenas a partir de 1993 os planos de manejo foram implementados. Sendo assim, até 1993, a estimativa era de 4 mil toneladas anuais de consumo de Euterpe edulis, 27.009 hectares de área total de corte anual (subpopulações pouco alteradas da espécie, com rendimento médio em torno de 148,1 Kg de palmito por hectare) e 160.000 hectares (subpopulações já alteradas, com rendimento médio em torno de 25 Kg por hectare). Os autores ainda afirmam que, o volume comercializado apenas no Estado de São Paulo é estimado em mais de 600 toneladas por ano de Euterpe edulis (o que representa o corte de uma área entre 4.051 e 24.000 hectares, apenas para atender a capital). |
Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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3.1.2 Sub-national/national trade | |||||
No sul da Bahia a retirada ilegal de palmito ainda é bastante comum, mesmo dentro das unidades de conservação como Rebio, Una e o Parke Nacional Serra das Lontras (Leitman, com. pess.). |
Ação | Situação |
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4.1 Maintenance/Conservation | needed |
Cardoso (2000) afirma que a conservação desta espécie não é crítica, mas as subpopulações são muito distintas geneticamente. Sugere que as prioridades para conservação levem em conta as variações genéticas populacionais. As subpopulações que apresentam maior variação genética intrapopulacional são de Guaraqueçaba, Itatiaia, Desengano e Una. |
Ação | Situação |
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5.7 Ex situ conservation actions | on going |
Existem 5 indivíduos em cultivo no arboreto do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (Leitman, com. pess.). |
Ação | Situação |
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1.2.1.2 National level | on going |
A espécie foi considerada "Em perigo" (EN) na Lista vermelha da flora do Brasil (MMA, 2008), anexo 1. |
Ação | Situação |
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1.2.1.3 Sub-national level | on going |
A espécie foi considerada "Vulnerável" (VU) na Lista vermelha da flora de Minas Gerais (COPAM-MG, 1997), na Lista vermelha da flora de São Paulo (SMA-SP, 2004), e na Lista vermelha da flora do Espírito Santo (Simonelli; Fraga, 2007). Também foi considerada "Em perigo" (EN) na Lista vermelha da flora do Rio Grande do Sul (CONSEMA-RS, 2002). |
Ação | Situação |
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1.2 Legislation | on going |
Segundo Reis et al. (2002), o Instituto Agronômico de Campinas e o Instituto Floresta de São Paulo, desenvolveram importantes estudos que permitiram fundamentar políticas na década de 1970, assim como o Núcleo de Pesquisas em Florestas Tropicais da Universidade Federal de Santa Catarina na década de 1980. |
Ação | Situação |
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1.2.1.3 Sub-national level | on going |
A Resolução CONAMA nº 294, de 12 de dezembro de 2001, estabele normas e critérios para a exploração de Euterpe edulis no Estado do Paraná (Intrução Normativa nº35, 2008). Quanto ao Estado de São Paulo, a Resolução SMA 16 dispõe sobre o Plano de Manejo Sustentado da espécie, e a Resolução 52 dispõe normas para a extração seletiva de plantas nativas que pode ser aplicada a coleta dos frutos destinados a polpa de "juçara" (Mattoso et al., 2007). De mesma forma, a Resolução SMA 16 de 21 de Junho de 1994 estabelece normas para a exploração da espécie no Estado de São Paulo. |
Ação | Situação |
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1.1 Management plans | on going |
O plano de manejo do Parque Estadual da Serra do Mar, aprovado em 2006, definiu como ação estratégica para os programas de proteção, patrimônio natural e interação sócioambiental, a recuperação das subpopulações de palmito e o desenvolvimento de alternativas para seu manejo sustentável na área de influência do Parque. De mesma forma, a Fundação Florestal apresenta uma conjunto de iniciativas para a recuperação do "palmito juçara" na Serra do Mar e Vale do Ribeira (Mattoso et al., 2007). |
Ação | Situação |
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5.3.1 Harvest management | on going |
Segundo Andrade et al. (2012), a Fazenda Multiambiental na Reserva Particular do Patrimônio Natural de Tapiraí possui grande capacidade de produção de sementes. Possui cerca de 2600 plantas já em fase de corte, além de 50 mil mudas em apenas 1 hectare. |
Uso | Proveniência | Recurso |
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Confecção de ferramentas e utensílios | ||
A madeira é utilizada paraa produção de ripas para construção (Mattoso et al., 2007). |
Uso | Proveniência | Recurso |
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Alimentício | ||
O palmito é extraído domeristema apical deEuterpe edulis. O palmito pode ser consumido em conserva ou em creme (Mattosa et al., 2007). |
Uso | Proveniência | Recurso |
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Confecção de ferramentas e utensílios | ||
Sementes da espécie são usadas em artesanato, assim como a ráquis e a espatide (Mattoso et al., 2007). |
Uso | Proveniência | Recurso |
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Alimentício | ||
Segundo Mafei (2011), maisrecentemente vêm sendo realizadas propostas de extração sustentável de frutosda espécie para a produção de polpa para sucos e vitaminas, principalmente nosul e sudeste do Brasil. |